Codependência: O Vazio que Assombra os Relacionamentos

RELACIONAMENTO

Jully Novaes

3/14/20252 min read

A codependência tece uma teia complexa em nossos relacionamentos, dificultando a tarefa essencial de estabelecer limites saudáveis. Surge uma necessidade quase constante de agradar o outro, buscando incessantemente validação externa como um espelho que reflete nossa própria (in)existência. Mas como reconhecer esses padrões emaranhados em nosso cotidiano? O autoconhecimento surge como uma bússola, guiando-nos na identificação desses comportamentos repetitivos.

Já se pegou assumindo responsabilidades que não eram suas, tentando controlar as ações ou emoções de outra pessoa? Talvez você sinta uma dificuldade imensa em dizer "não", mesmo quando isso significa negligenciar suas próprias necessidades. Imagine a seguinte situação: um amigo está sempre pedindo favores, mesmo que isso te cause transtorno. Você, com receio de magoá-lo ou de ser rejeitado, sempre cede. Ou talvez você se sinta responsável pela felicidade do seu parceiro, dedicando toda a sua energia para "consertá-lo" ou "salvá-lo" de seus problemas. Esses são exemplos claros de padrões codependentes em ação.

Reflita: você se identifica com essas situações? Já se sentiu mais preocupado com as necessidades dos outros do que com as suas próprias? O que te impede de dizer "não"? A raiz dessa necessidade de aprovação geralmente se encontra em experiências passadas, muitas vezes na infância, onde aprendemos a associar amor e aceitação à nossa capacidade de agradar os outros. Talvez você tenha crescido em um ambiente onde suas necessidades emocionais não foram atendidas ou onde você se sentiu condicionado a se comportar de uma determinada maneira para receber afeto.

Essas experiências podem gerar crenças limitantes profundas, como "Não sou boa o suficiente", "Preciso do outro para ser feliz" ou "Não mereço ser amado". Essas crenças distorcem nossa percepção de nós mesmos e dos nossos relacionamentos, perpetuando o ciclo da codependência. Mas é possível romper com esse ciclo! O primeiro passo é questionar essas crenças: será que elas realmente correspondem à realidade? Será que você precisa da aprovação externa para se sentir completo?

O desenvolvimento da autoaceitação e do amor-próprio é crucial nesse processo. Aprender a valorizar suas qualidades, reconhecer suas imperfeições e respeitar suas necessidades te liberta da busca incessante por validação externa. Comece se perguntando: quais são seus pontos fortes? O que te faz único? Quais são suas necessidades emocionais? Ao se conhecer melhor, você se torna capaz de construir relações mais autênticas, baseadas em respeito mútuo, onde você consegue expressar suas necessidades e reconhecer os limites do outro, sem se anular ou se sentir responsável por sua felicidade.

A real é que ninguém gosta de se sentir dependente de alguém. A gente quer ser inteiro, dono do próprio caminho.O autoconhecimento, nesse processo, é como um espelho sincero, que nos mostra nossas feridas, nossos medos, mas também nossas forças e potenciais. É um convite para encarar a nossa história de frente, com coragem e compaixão, e finalmente nos reconectar com a nossa essência.

Com Carinho,
Psi, Jully Novaes